segunda-feira, 4 de julho de 2011

o femismo também tem um lado dark

Este texto me fez bem, porque... daqui a pouco, eu conto!

 

 Quando descobri que já estava na menopausa, aos 43 anos, comecei verdadeiramente a querer entender as mudanças ocorridas no meu corpo, agora mais gordinho e sentindo um calor forte, chamado de "fogacho" acompanhado de muita irritação, às vezes, por nada.

Iniciei nesse momento, uma guerra entre eu e meu corpo de 51 anos, na luta contra as gordurinhas...  No início tentei a medicina alternativa. Insisti ao máximo e nada parava os sintomas, então, parti para reposição hormonal tradicional.

Meu organismo, não satisfeito com a falta de um hormônio, o estradiol, apresentou necessidade de outro tipo de hormônio, a norestirona. Assim que tomei a primeira dose do comprimido, os sintomas desagradáveis desapareceram imediatamente. Que alívio! 

 

A cobrança foi em cima do conceito de "mulher para ser linda deve ser magra.” Quem foi mesmo que disse isso?



Bem, além de tudo ainda precisava "enfrentar” diariamente o preconceito: as pessoas que achavam que menopausa era sinônimo de velhice, falta de tesão. Tudo isso fica por conta da cabeça de cada um.
O que fiz foi encarar a menopausa de frente e sanar qualquer dificuldade. Intensifiquei os exercícios físicos aeróbicos, voltei a fazer pilates e passei a olhar meu corpo de 50, idade da loba, com mais consciência, carinho e respeito.


Corpo "padrão" ditado pela sociedade, tô fora! Agora, um corpo saudável, ágil, flexível com uma alimentação balanceada e feliz "tô dentro".


Quando lí o artigo abaixo fiquei muito feliz ao saber que continuo no caminho certo. Parece que esse texto foi escrito pra mim, pois me tocou profundamente. Acho até que chegou a me libertar de algumas neuras...
Resolvi publicar o artigo, para que outras mulheres estando ou não na menopausa, possam ler e refletir sobre o assunto.

Aprendi que precisamos viver a idade da "loba” dos 50 com amor, tesão e sabedoria ao apenas como uma "Mulher Madura"




 Aproveitem!








O lado dark do pós-feminismo




Cláudia Rodrigues

É difícil compreender exatamente como o movimento feminista conseguiu produzir à sua sombra e contra seus desejos mais profundos, essa fobia que a mulherada, de maneira geral, desenvolveu de envelhecer, adquirir rugas, cabelos brancos e alguma fofura. 

Esses dias, conversando com um amigo ginecologista, fiquei surpresa ao saber que uns quilinhos a mais, conforme se aproxima a menopausa, seriam ideais para evitar ressecamentos e atenuar outros sintomas causados pelo novo balanço hormonal do corpo feminino. Ele explicou que obviamente não é patológico ser uma senhora naturalmente esguia, mas demonstrou preocupação com a saúde das mulheres que batalham arduamente por parecerem eternas sílfides, privando-se de comida equilibrada para um corpo e um cérebro que necessitam alimentos, boa gordura, proteínas e açúcares a fim de manterem-se integralmente saudáveis. Conversamos ainda sobre a ligação entre esse novo comportamento Light High Tech e suas prováveis associações com as doenças femininas que estão em alta, com índices em elevação. Foi uma bate-papo empírico e não teria como ser diferente. Os comportamentos atuais só terão seus efeitos colaterais reconhecidos após muitos anos de acordos entre laboratórios e seus comparsas de mercado. O que ditou a regra de nossa conversa foi o bom senso, um bom senso que não faz sentido algum para a verdade única da prática intervencionista, que hoje medicaliza as transformações naturais do corpo feminino segundo pensamentos desenvolvidos nos tempos de Galeno.

Meninas de 14 anos tomam anticoncepcionais receitados por seus médicos para não sofrerem de cólicas. Exige-se do corpo delas um comportamento que só viria mais tarde. Da mesma maneira, mulheres de 50 anos são reguladas via reposição de hormônios artificiais para que seus corpos apresentem comportamento típico dos 30 anos. Nem ouso levantar o efeito no cérebro, que bem aos 50 anos está em franca ascensão do ponto de vista associativo. Aguardarei pacientemente as evidências, bem sentada no meu troninho empírico.
É curioso que o balanço hormonal dos 50 anos femininos esteja estigmatizado como “queda” de hormônios, já que nem todos os hormônios entram em queda nessa fase. A adrenalina sobe sim, senhoras! O corpo feminino tratado como defeituoso, complicado, incompleto, faz parte da história da humanidade contada e vista pelos homens a partir de suas inseguranças em relação às mulheres. Os queridos peludos levaram séculos para perceber que eram pais de nossos filhos, se desesperaram para nos impedir de ter filhos com outros homens, tiveram as idéias que pareceram perfeitas: trancafiar, intimidar, impedir nossas liberdades mínimas. Logicamente desenvolveram uma visão bastante limitada, para não dizer apavorada, sobre o funcionamento dos corpos femininos. Nós, mulheres, de uma maneira ou de outra, sempre acabamos respondendo de maneira submissa a esses rótulos preconceituosos produzidos pela dor e pelo prazer do olhar masculino sobre nós.

 

Aí um dia, depois de alguns séculos de confusão e filharada a perder de vista que nos mantinha ocupadas na preservação e evolução da espécie com muito esmero, a gente foi lá e queimou sutiãs nas praças, gritou que queria dirigir, trabalhar, votar e ser gente igualzinha a eles. E não é que deu certo? Em parte e em muitos países deu certo.


Se por um lado conseguimos algumas vitórias técnicas com o feminismo, como votar, trabalhar e ter delegacia própria para registrar horrores domésticos, por outro não conseguimos literalmente dar conta dos nossos próprios corpos, hoje entregues ao mercado midiático, médico, dermatológico e técnico em geral sem qualquer reflexão, com um senso de preservação menor do que qualquer primucha primata.  Nos últimos anos viceja no mundo a mulher-objeto de desejo e de vontade do mercado. Para facilitar a linha de montagem, alcançar os números necessários ou simplesmente se deixar usar em nome da própria bandeira de liberdade, a mulher vem abrindo mão de direitos pessoais fundamentais. É duro reconhecer, mas o que arranjamos de fato foi um assalto com arma de plástico e o inimigo é nada mais, nada menos do que nossa auto-imagem de femme fatale de papá refletida no espelho. Enganamo-nos ao pensar em um objeto puramente sexual, é uma ingenuidade não perceber que somos objetos de perversão mercadológica. E desta vez, ainda que abundem os machistas pelo mundo, a culpa não é dos homens se o feminismo está ao contrário e ninguém reparou. Fizemos tanta força para colocar o belo, o corajoso, o competente do lado de fora de nossos corpos, que boicotamos demasiado a delicadeza sábia de nossos corpos tão capazes. Entramos no lado avesso do feminismo. A imagem mascarada que viemos produzindo nos trouxe trabalho, salário, direitos, novos deveres e acabamos, nessa ânsia pelo que estava fora de nossos corpos, perdendo o contato com o interno. É uma pena porque essa simples inversão de premissas nos leva ao calabouço de onde saíram as primeiras colegas feministas.

É preciso recomeçar do marco zero do feminismo: sermos donas de nossos corpos.

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